sexta-feira, 24 de maio de 2013

PDT Ano 33 - O amor pelo Brasil faz a nossa História



PDT Ano 33 - O amor pelo Brasil faz a nossa História

Nestes tempos bicudos de engodo ideológico e midiático, nada melhor do que refletir sobre fatos reais, passados e presentes, de nossa história. Um desses fatos é a saga do PDT, que, neste 26 de maio, completa 33 anos de existência formal. O partido de Leonel Brizola, Getúlio Vargas e João Goulart, na verdade, tem suas raízes na Revolução de 30 e no PTB de Vargas, legenda cassada juntamente com os direitos políticos de Brizola e Jango, a partir do Golpe de 1964.

Antes de ser anistiado, em 1979, Brizola realizou, em Lisboa, quando ainda estava exilado, o Encontro de Trabalhistas do Brasil e do Exterior (os exilados nos vários países de pelo menos três continentes). Nessa ocasião, nasceu a Carta de Lisboa, uma convocação dirigida aos trabalhistas e Brizola fez um discurso detalhando o PTB que pretendia refundar.
Naquele momento o objetivo era refundar o PTB, mas a ditadura, ainda vigente, entregou a sigla a um grupo de adesistas, bloqueando a sua utilização pelos brizolistas.
O poeta Carlos Drummond de Andrade perpetuou aquele momento numa crônica magistral, em que dizia: "Vi um homem chorar porque lhe negram o direito de usar três letras do alfabeto para fins políticos. Vi uma mulher beber champanha(*) porque lhe deram esse dirteito negado ao outro". O homem era Brizola, que, indignado com o esbulho, rasga as três letras do PTB e anunciaa criação do novo partido, o PDT. A muher era Ivete Vargas, uma sobrinha distante de Getúlio, fisgada pela ditadura.
Um poema fantástico que pode ser lido aqui ou no link abaixo. Para entender toda este complexo, precisamos ir por partes, como indica o roteiro de textos, além dos links já disponibilizados, no pé desta página.
A fundação formal
No próximo domingo, dia 26 de maio, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) completa 33 anos de fundação por Leonel de Moura Brizola e companheiros para retomar no Brasil, com força e tradição, o fio da História e a bandeira do Trabalhismo, do nacionalismo e das lutas sociais. O jornalista FC Leite Filho, que participou do histórico Encontro de Lisboa como repórter do “Correio Braziliense”, lembra esta e muitas outras história da fundação do PDT que segue, firme, em sua trajetória por um Brasil soberano e mais forte – como sempre sonhou seu fundador.
É um partido que tem na Carta Testamento de Getúlio Varga e na Carta de Mendes, além da Carta de São Paulo, a base de seu direcionamento político consignado aindo em seus estatutos - especialmente no seu Artigo Primeiro, o que define seus objetivos. 
O encontro de Lisboa
O PDT – Partido Democrático Trabalhista começou a surgir em 17 de junho de 1979, em Lisboa, fruto do encontro dos trabalhistas no Brasil com os trabalhistas no exílio, liderados por Leonel Brizola. O objetivo da reunião em Lisboa era reavivar o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado por Getúlio Vargas, presidido por João Goulart e proscrito pelo Golpe de 1964. Desse encontro, ao qual esteve presente o líder português Mário Soares, representando a Internacional Socialista, saiu a Carta de Lisboa, que definiu as bases do novo partido.

"O novo Trabalhismo" - dizia o documento - "contempla a propriedade privada, condicionando seu uso às exigências do bem-estar social. Defende a intervenção do Estado na economia, mas como poder normativo, uma proposta sindical baseada na liberdade e na autonomia sindicais e uma sociedade socialista e democrática.”
Numa manobra jurídica, patrocinada pela ditadura, no entanto, conferiu a sigla a um grupo de aventureiros e adesistas, que se aliou às elites dominantes, voltando-se contra os interesses dos trabalhadores. Leonel Brizola, depois de 15 anos de desterro, Doutel de Andrade, Darcy Ribeiro e outros trabalhistas históricos já tinham retornado ao Brasil, quando a Justiça Eleitoral entregou, em 12 de maio de 1980, o PTB àquele grupo.

"Consumou-se o esbulho", denunciou Brizola, chorando e rasgando diante da televisão um papel sobre o qual escrevera aquelas três letras, que durante tanto tempo simbolizara as lutas sociais no Brasil.
"Uma sórdida manobra governamental " - disse ele - "conseguiu usurpar a nossa sigla para entregá-la a um pequeno grupo de subservientes ao poder... O objetivo dessa trama é impedir a formação de um partido popular e converter o PTB em instrumento de engodo para as classes trabalhadoras."
Uma semana depois, nos dias 17 e 18 de maio, os trabalhistas autênticos reuniam-se no Palácio Tiradentes, sede da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, para o Encontro Nacional dos Trabalhistas, que contou com a participação de mais de mil pessoas. Lá, foi anunciada a adoção de uma nova sigla para o partido - PDT.
No dia 25 de maio, outra reunião, desta vez na Associação Brasileira de Imprensa 9ABI0 –, na rua Araújo Porto Alegre, perto da Cinelândia, no Centro do Rio aprovou o programa, o manifesto e os estatutos do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a nova sigla do velho PTB getulista – já que o novo PTB nada tinha a ver com as bandeiras de luta e a história do velho PTB. Trajano Ribeiro, um dos fundadores do PDT, em entrevista, explica as dificuldades e problemas vividos naquele momento.
O PDT passou então a dar cumprimento ao enunciado da Carta de Lisboa, organizando-se, inicialmente, em nove Estados, sobretudo a partir do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O autoritarismo, ainda vigente, baixou normas draconianas para favorecer o partido do poder – o PDS, antiga Arena, hoje PPB – e restringir brutalmente os partidos de oposição.
Não obstante, na primeira eleição democrática de 1982, o PDT elegeu Brizola governador do Rio de Janeiro, dois senadores – um no Rio e outro em Brasília –, 24 deputados federais, credenciando-se como uma das principais forças políticas do país.
Em 1983, antes da posse de Brizola, os pedetistas fazem nova reunião nacional, em que tiram a Carta de Mendes, cidade do interior do Estado do Rio de Janeiro que abrigou o encontro. Nesse documento, eles traçam as diretrizes da ação política para a realidade do novo Brasil saído das urnas.
O surto neoliberal que se abateria sobre o mundo, a partir dali, entretanto, retardaria a ascensão do Partido ao poder nacional, com o povo assistindo impotente ao desmonte desse sistema cruel e desumano, credenciando-se junto ao povo. (FC Leite Filho)

Veja Também:
A Carta de Lisboa, momentos determinantes de um novo Brasil
Algumas imagens do encontro lisboeta
- Tomada da sigla (aguardando postagem)
Crônica de Carlos Drummond de Andrade
- Videoentrevistas com Cibilis Viana, João Vicente Goulart, Georges Michel, Vieira da Cunha, cristovam Buarque (aguardando postagem)
- PDT na formação política (Matéria de Flávia Rochet) (aguardando postagem)

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